Marca: o ‘super-signo’ e o sistema de sentido.
Sistemas de sentido são conjuntos de crenças, valores, símbolos e práticas que nos ajudam a dar significado às coisas e ao mundo ao nosso redor. Eles organizam e interpretam a realidade, podendo incluir sistemas religiosos, culturais, políticos, sociais, e mercadológicos, entre outros. Criados e transmitidos por meios como educação, comunicação, arte e tradição, são sempre influenciados por eventos históricos e sociais. No estudo da semiótica, que é a teoria da comunicação e significação, os sistemas de sentido são fundamentais para entender como atribuímos significado à nossa existência e ao mundo ao nosso redor.
Sistemas de Sentido nas Marcas
As marcas também possuem sistemas de sentido, compostos por uma variedade de signos próprios. Esses signos são projetados para evocar emoções e criar conexões com seus públicos, ajudando a gerar sinergia entre pessoas e empresas. Incluem logotipos, cores, formas, jingles, entre outros, podendo ser ícones, índices ou símbolos, dependendo da sua relação com o objeto que representam. Segundo Clotilde Perez, no contexto das marcas, o objeto se manifesta no marketing mix, no produto, em seus aspectos de distribuição, preço, design, entre outros.
A Teoria da Intertextualidade
Outra teoria semiótica relevante é a Teoria da Intertextualidade, desenvolvida por Julia Kristeva. O termo intertextualidade foi usado por Kristeva para explicar o que Mikhail Bakhtin chamava de dialogismo. Segundo essa teoria, signos e textos não podem ser compreendidos isoladamente, mas sim através de sua relação com outros signos e textos. Para as marcas, isso é crucial, pois elas precisam se relacionar com outras marcas e com a cultura em geral para serem compreendidas e bem-sucedidas. Ao construir uma estratégia de posicionamento, é essencial considerar a marca em relação às concorrentes e ao público específico.
Integração das Teorias de Peirce e Kristeva
A Teoria Geral dos Signos de Peirce destaca a importância da relação entre o signo e o objeto que ele representa, enquanto a Teoria da Intertextualidade de Kristeva enfatiza a importância das relações entre diversos signos e como eles se influenciam mutuamente. Ambas as teorias sugerem que, para compreender um sistema de sentido, é preciso considerar não apenas os elementos individuais, mas também suas relações e atuação nos mais variados contextos.
Evolução dos Sistemas de Sentido nas Marcas
É crucial notar que os sistemas de sentido não são estáticos; eles estão em constante evolução e mudança. As marcas precisam estar atentas a essas mudanças no mercado e na cultura para adaptar seus sistemas de sentido ao longo do tempo, mantendo sua identidade e projeto de sentido. Isso pode incluir alterações em conceitos, produtos, cultura organizacional, logotipos, cores, jingles, mensagens-chave e associações de valores, propósito e ideais.
As marcas possuem sistemas de sentido próprios, compostos por múltiplos signos projetados para evocar emoções e criar conexões com seus públicos. As teorias semióticas de Peirce e Kristeva são fundamentais para compreender como os sistemas de sentido funcionam e como eles afetam a compreensão e interpretação das marcas.
Referências
PEREZ, Clotilde. Signos da Marca: Expressividade e Sensorialidade. São Paulo, Cengage, 2017.